O São João é a principal festa do nordeste, atraindo turistas de todo o Brasil e movimentando a economia da região. O dinheiro trazido pelos visitantes estimula os negócios, mesmo nas cidades pequenas.
Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, disputam o título de maior São João do mundo na época das festas juninas. Mas quem gosta de forró sabe que toda festa no nordeste é boa e cai na estrada para não perder o ritmo.
“Já estive em Santa Luzia, Patos, Cajazeiras...”, diz um folião.
A cidade de Alcantil, na Paraíba, fica exatamente no meio do caminho: são 70 quilômetros até Caruaru, de um lado, e 70 até Campina Grande, do outro. Para entrar no roteiro das festas juninas, a pequena cidade de cinco mil habitantes aproveita a geografia: monta um típico arraial para chamar a atenção dos festeiros que viajam entre Pernambuco e a Paraíba.
Para os moradores de Alcantil, é a melhor época do ano. A oferta de empregos aumenta e os empresários dobram o faturamento. Cícera Maria, costureira e dona de uma loja, contrata duas ajudantes. Ela faz vestidos e camisas para as quadrilhas de São João. “Todo mundo está na maior correria. Ficam ligando o tempo todo para perguntar se a roupa está pronta. Cadê minha roupa? Vai fazer? Deu tempo?”, conta Cícera.
Antes do primeiro toque das sanfonas, os vendedores ambulantes recebem treinamento. São dicas de higiene e de como atender os turistas. “A gente vai melhorar o que vocês já fazem bem”, garante a instrutora.
Galo capão, guizado de bode, cabidela, pamonha, canjica e bolos de milho, macaxeira e fubá. A cozinheira Márcia Batista prepara pratos típicos. Antes de encarar o fogão, ela fez um curso para aprimorar as receitas.
“Eu procuro adequar o cardápio à realidade delas. A gente faz realmente uma comida regional, procurando utilizar produtos da região”, diz Maria Júlia Alencar, consultora de culinária do SEBRAE.
Em Alcantil, embalados pelo som do triângulo, da sanfona e da zabumba, os negócios de São João esquentam logo que a festa começa. A cozinheira Márcia agora lucra com todos as delícias típicas, que serão a energia de quem depois vai cair no forró.
“Para agüentar uma noite de forró, você tem que estar bem alimentado,tem que estar forte”, diz um turista.
Com o sucesso dos quitutes, Márcia já calcula quanto vai lucrar nos cinco dias de festa. “Em cima do que eu gastei, com certeza, vou ganhar o dobro”, calcula a cozinheira.
Enquanto os casais dançam coladinhos, o comércio na praça não pára. O comerciante Raimundo da Silva veio de Campina Grande para vender brinquedos e bijuterias. “Em cinco dias a gente ganha R$ 300, R$400. Esse é o faturamento da gente”, diz.
Nas barracas lotadas, o trabalho vai até de manhã, mas ninguém reclama. “Até quatro, cinco horas da manhã só ganhando dinheiro? Com certeza!”, anima-se o ambulante José dos Santos.
Desde que a primeira festa foi organizada, há sete anos, com a ajuda do SEBRAE, a economia de Alcantil já cresceu. “Na festa de São João daqui, você vê experiências riquíssimas de pequenos empreendedores, mesmo no mercado informal, que têm uma grande oportunidade de fazer negócios, de ganhar o seu dinheiro e de fazer mover a economia local”, fala Marcus Guedes, superintendente do SEBRAE/PB.
Para conhecer outros projetos que impulsionam a economia em pequenas comunidades, procure o Balcão Sebrae mais próximo ou visite o site
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